quarta-feira, 25 de maio de 2011

Registro Geral

Aquela sensação frustrante de se deitar no piso gelado e ainda não ser o suficiente para fechar os olhos e tentar dormir pelo menos por um mês inteiro. Encosto minha cabeça e ouço passos em falso. Sei que é minha mente pregando-me peças novamente.
Aquela enorme vontade de usar minhas próprias mãos para cavar, cavar, até o centro da Terra. E lá me esconder até que algo reluza como ouro dentro de mim e me faça entender o sentido do porquê das pessoas irem e virem, sem uma eterna pausa. Mas não pode ser reluzente como bijuteria! Estou farta de falsas ideias e admiração de dois segundos. Tem que ser de ouro maciço, para pendurar no belo pescoço de uma dama chamada Realidade.
Lírios pretos para a minha cova, por favor. Gostava de lírios quando cheguei neste universo.
Eu tenho duas vidas em minhas mãos. Na verdade, três. Uma mais decadente que a outra. Não há equilíbrio para uma mulher-bebedora-de-whisky. Mais uma dose de mim, garçom, por favor. Mais uma dose dessa vida que nunca poderei viver, apesar do meu documento registrado no cartório sobre uma tal de "Lucy In The Sky". Uma farsa!
Eu não sei mais quantas máscaras e quantas torres continuarão ao meu redor e nem por quando tempo.
Os dias estão cada vez mais cinzentos e as noites, ensolaradas. E não consigo dormir. Olheiras enormes se formam e me perguntam o porquê de tanta caraminhola.
Não sei... Chega de amolação!
A morte é uma velha conhecida, mas nunca foi uma boa conselheira.
Tenho duas vidas e mais meia em minhas mãos. Preciso matar uma de mim para não deixar minhas olheiras se expandirem. A mais importante do mundo inteiro, só me pertence meia dela. Uso laços, beijos e prata para decorá-la. Mesmo não sendo o suficiente, rezo e faço uma boa ação por dia. Por mim e minha percentagem de vida.