sábado, 18 de setembro de 2010

Poesia Pagã lll

Estava tão quente, porém as mãos de Leslie estavam geladas. Paul se aproximou, sorrindo. E a partir disso, prometeu a si mesma que seu coração, para sempre, seria dele. O rosto dele costumava sempre ficar um pouco rosado quando ela estava perto. Costumavam ficar embaixo daquela árvore conversando por horas e horas. Até que um dia seus rostos ficaram tão próximos um do outro que seus lábios se tocaram. O corpo dela paralisou totalmente, seu coração acelerou em seu peito e quase perdeu todo seu ar. Tudo o que ela sentia, começou a fazer sentido. Ela o amava. Após esse dia, nunca se separavam. Aonde ele ia, a levava, aonde ela ia, o levava. Tudo parecia perfeito. Porém, o que ela mais temia aconteceu. Ele tinha que partir. Leslie não conseguia mais dormir, pensando que nunca mais o veria novamente. Sozinha, chorava muitas vezes trancada no quarto de sua avó. Por uma semana não apareceu no lugar onde sempre se encontravam. Ele tentava vê-la, jogava pedrinhas em sua janela, mas ela não aparecia. Como já era o esperado, finalmente chegou o dia que ele partiria. Leslie começou a pensar que mais dolorido que vê-lo partir, seria deixa-lo ir sem ao menos ter dito o quanto o amava e quanta falta ele iria lhe fazer. Então, levantou-se e correu...Correu...Correu até a estação onde o trem estava chegando. Lá estava Paul, usando um paletó cinza-escuro, quase pronto para entrar naquele vagão. Leslie gritou, ele virou-se e olhou para ela. Seus olhos brilharam ao vê-la e, assim como da primeira vez, sorriu. Ela caminhou para perto, olhou fixamente nos olhos dele e disse: "Eu te amo. E mesmo se você realmente partir agora, eu nunca, nunca na minha vida inteira, irei me esquecer do seu olhar, do seu sorriso e de todas as coisas maravilhosas que passei ao seu lado. Sempre terá um pedaço de mim com você." Ele se aproximou um pouco mais e sussurrou no ouvido dela... "Só me prometa uma coisa. Seja sempre minha."... e beijou-a. O beijo nunca havia sido tão doce, mas ao mesmo tempo, o coração dela era tomado por uma imensa dor. Ele se afastou, e se foi. O trem acelerou, até sumir completamente de vista. Os olhos de Leslie, cheios de lágrimas, e uma frase jogada ao vento... "Eu sempre serei sua."

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Dama de Copas

Encontrei seus sentimentos que estavam escondidos debaixo do tapete persa. Logo agora, nesse momento meio mórbido, meio fraco dos meus dias inquietos.
Decepção não seria a palavra certa, pois este já é um assunto encerrado. O que eu admiro é a sua doença, a maior de todas, o que eu chamaria de "Síndrome do Desgaste". Onde você se depara com o cansaço e a falta de interesse, simplesmente desiste e vai embora. Essa sua doença é psicológica e terminal. Provavelmente a culpa está nas cartas. A culpa é da Dama de Copas, que fez você perder todo o seu dinheiro e fama.
A Dama de Copas foi culpada em querer sentir o calor de suas mãos. O problema é sua admiração pela palavra Amor. E o significado? Nem tanto. É difícil acreditar enquanto todos apenas querem um pouco mais de diversão. O problema, também, é a sua falta de encanto. A Dama de Copas é apenas mais uma carta naquele imenso baralho, sem nenhum destaque. E assim, pode-se retornar a "Síndrome do Desgaste", porque, na verdade, essa doença não está contida apenas em você. Está contida em toda a rotina, está contida na falta de novidade que envolve essa carta.
É desgastante a falta de amor entre as pessoas. E o seu desgaste corroeu metade do seu cérebro, atingindo todas as lembranças que envolviam a tal Dama de Copas. Esta é uma carta muito frágil, dobrável e meticulosa.
De tão triste que só, obrigou-se a arrancar seu próprio coração com as unhas. E era de toda compreensão, a destruição do passado, do significado mais próximo de "Amor" que ela havia visto, que não fora platônico. Era tão forte, que apenas a fumaça escura que sobe e some, poderia fazê-la esquecer. E assim, fora dissolvido, diluído e evaporado. Como se jamais houvesse existido.
A Dama de Copas usa armadura, pela qual esconde seu frágil coração. Porém, após toda neblina e fumaça, ela ainda não sente-se capaz de deixar-se levar pela sociedade dos falsos poetas e parar, de uma vez por todas, de tentar entender o verdadeiro significado da palavra "Amor", pois já esteve tão perto...tão perto.