domingo, 27 de fevereiro de 2011

Instante

Enquanto a chuva caía sobre a minha cabeça, só me lembro do quanto corri. O asfalto escorregadio me fez perder um sapato. Ando descalça pelas ruas por onde já brilhei.
Todo o meu rancor, ainda está aqui. Eu nunca pude ouvir as palavras que tanto aguardo e sei que nunca ouvirei.
Quantas vidas ainda serão divididas até o final do mundo?
Há cada segundo que passa, morro um pouco mais. Estou morrendo, morrendo...
Escondo meu egoísmo, mas é possível reconhecer a dor em meus olhos. O velho sábio me pergunta sobre o que continua me afligindo tanto. Não sei responder. A vida nunca foi tão generosa comigo e eu nunca fui tão ingrata.
Eu desapontei metade de quem amei e a outra metade insiste em acreditar em mim.
Não mudaria nada do que foi feito, não voltaria atrás. Eu apenas perdi parte do meu pulmão esquerdo. Está difícil conseguir respirar profundamente e dizer que está tudo muito bem. Por isso, minhas mágoas acabam sendo evidentes por meio de minhas vinganças. Meu sangue é tão frio quanto a chuva que ainda cai.
Essas serão as lembranças que guardarão de mim.